Basicamente o que aconteceu foi que foi interceptado pelos serviços secretos franceses uma espécie de “plano” de atentado à caravana da prova, a ter lugar na Mauritânia, um dos países onde seriam realizadas grande parte das etapas desta edição do Lisboa-Dakar. Apesar de a ameaça recair sobre toda a caravana, o peso sobre os franceses era notório já que na véspera de Natal foram assassinados quatro turistas franceses na Mauritânia pelo que se pensa ser uma organização extremista islâmica com ligações à Al-Qaeda.
Apesar dos esforços do Governo Mauritano em assegurar à ASO que a segurança seria garantida, esta última não quis arriscar vir a ser responsabilizada por um eventual atentado terrorista (que, a ter lugar, seria, de facto, da sua responsabilidade) e decidiu cancelar o evento.
A indignação entre os participantes é esmagadora: “Porque é que esperaram até à véspera para cancelar tudo?”; “Porque é que não consideraram um plano alternativo que não envolvesse um cancelamento?”; “Será que se a prova partisse de Paris a decisão de cancelar teria sido a mesma?”. Na verdade as perguntas têm fundamento e não são apenas descargos de desilusão; a verdade é que o timing do anúncio foi escandaloso e a verdade é que talvez se devesse ter tido em atenção um plano de percurso alternativo (não é a primeira vez que etapas eram canceladas e os próprios pilotos propuseram que se mantivesse a prova em Marrocos , evitando a Mauritânia que seria a “zona de risco”) antes de se tomarem medidas drásticas desta natureza. Relativamente à “despreocupação” do governo de Paris, desaconselhando “fortemente” a realização do rali, poder ser diferente se o estivéssemos perante um Paris-Dakar, bem…eu quero acreditar que a decisão teria sido a mesma. Eu quero mesmo muito acreditar que o cancelamento da prova se deve apenas e exclusivamente a preocupações de segurança e que aconteceria sempre, independentemente do sítio de partida. Mas entre o que queremos acreditar e a realidade há um grande buraco não é verdade? Seremos assim tão ingénuos? Enfim.
Depois vêm os exageros: “o princípio do fim da mais mítica prova de todo-o-terreno do mundo.” Bem… vamos lá ter calma, boa? Ainda agora cancelamos a prova, e já estão a decidir o que se vai passar daqui a um ano. Há até quem fale em transferir a prova para as bandas da América do Sul… mas está tudo maluco? Aí sim seria o fim da prova. Lavigne defendia no discurso de cancelamento que o “Dakar é um símbolo e os símbolos não podem ser destruídos"… então experimentem mudá-lo de continente para verem onde é que vai parar o raio do símbolo.
Só para acabar:
“O seu cenário ideal", diz Filiu, autor do livro Frontières du jihad (Fronteiras da Jihad), "era fazer com que houvesse uma contagem decrescente permanente. "Que se deixasse de falar nos resultados das etapas do rali, para se passar a falar da Al-Qae-da. Manter sempre o suspense e o medo: "Não atacou hoje, mas será que vai atacar amanhã?"."
Se não houve "uma passagem aos actos, a Al-Qaeda falhou", diz Filiu.
A Al-Qaeda pode não ter ganho, mas nós perdermos.
3 comentários:
Também eu era mais a favor de um plano alternativo do que um cancelamento total. Parece-me um tanto ou quanto... "descuidado" (tendo em conta a envergadura da prova) não haver à partida percursos alternativos... mas e daí, também não se pode advinhar onde é que a bomba vai estalar. Culpas à parte, sem dúvida uma grande perda para este ano.
Quanto à parte final. Perdemos e perdemos muito. Pior que não haver prova, não houve prova porque temos medo. Quando deixamos de fazer seja o que for por medo perdemos, e perdemos muito.
(Isto é só um comentário. Obviamente que não defendo que vão todos malucos pra mauritânia so pra ver se morrem eu não. Sei perfeitamente que a necessidade de auto-preservação, preservação da espécie etc e tal vem mto antes da necessidade de fazer o Dakar.)
oh ana... n devias andar a estudar em vez de andares a fzer post's sobre o dakar?!
devia lol mas o processo declarativo civil não me parece lá
a muito atractivo neste momento :P postei na pausa para o café :P
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