segunda-feira, 14 de julho de 2008

Exemplo de um ideal

"Uma dupla fila de sentinelas guardava a grade exterior, e, uma vez franqueada esta , deparava-se-nos uma longa fila de pessoas que esperavam a sua vez sob a grande arcada. Entrava-se por grupos de quatro; havia então que justificar a identidade e a profissão; depois disso recebia-se uma licença de entrada, cujo modelo mudava ao cabo de algumas horas.
Certo dia, ao chegar à porta exterior, reconheci, à minha frente Trotsky e sua mulher. Um soldado deteve-os. Trotsky procurou nos bolsos e não achou sua licença.
- Sou Trotsky - disse ele ao soldado.
- O senhor não tem a sua licença - respondeu este, com obstinação. - Para mim, os nomes não têm importância. O senhor não entra.
- Mas eu sou o presidente do Soviete do Petrogrado!
- Então, se o senhor é um personagem tão importante, devia trazer consigo o documento."

10 dias que abalaram o mundo,
John Reed, no âmbito da preparação do Congresso dos Sovietes.

9 comentários:

Anónimo disse...

Em primeiro lugar, se isso é o ideal, então porque é que havia uma longa fila de pessoas à espera da sua vez? Numa realidade ideal nenhuma delas teria de aguardar, e desse modo evitaria desperdiçar parte do seu tempo útil de vida numa espera estéril. Se esperam é sintoma de que esse serviço da administração, seja ele qual for, está mal organizado.
Em segundo lugar, se isso é o ideal, então qual o sentido de existirem sentinelas? Numa realidade ideal a violência não existiria e o respeito pelo próximo não dependeria de um sistema estadual coercivo.
Em terceiro lugar, se o modelo da licença de entrada mudava ao cabo de meras horas, tal significa uma burocracia pesada, sustentada por uma máquina burocrática imobilista, ou seja mais um ingrediente para ampliar o tempo perdido em espera por parte dos incautos cidadãos.
Em quarto lugar, todo esse texto, que é suposto ser uma apologia da igualdade entre todos os cidadãos (ou antes leia-se classes), desde o mais miserável camponês até ao Presidente do Soviete de Petrogrado, acaba por redundar num hino à estupidez, por retratar o típico funcionário ultra-zeloso, que agarrado a ordens cujo conteúdo não apreendeu completamente, seguindo-as assim mecanicamente, sem se questionar sobre o seu fundamento, acaba por se obstinar em cumprir sempre formalmente todos os trâmites burocráticos, por mais desnecessários que sejam. Afinal impedindo a entrada ao Presidente do Soviete Supremo, esse mísero funcionário, no cumprimento zeloso da sua mesquinha ordem, poderia vir a retardar o processo de transição para a ditadura do proletariado, na medida em que esta dependeria sempre dos seus grandes impulsionadores, Trotsky incluído.
Tudo dito, concluo que a tua ideia de ideal será essencialmente correspondente à actual sala de espera de um hospital português: temos o segurança que por lá anda para evitar que famílias ciganas batam nos médicos, temos longas filas de espera para o atendimento, temos o preenchimento de muita papelada e o aturar de muitos requisitos burocráticos de utilidade duvidoso e temos funcionários analfabrutos e incompetentes, que seguem mecanicamente as suas ordens, sem saber bem porquê. Diria que devias procurar outras passagens do livro que retratem esse ideal.

cheila duarte disse...

Para que saibas nem me dei ao trabalho de ler o que escreveste a partir da 3ªlinha. Não percebeste o objectivo nem o exemplo que pretendi partilhar.

Cansas-me os caracóis!

Anónimo disse...

Andei a sublinhar a idiotice do teu ideal só. Resumidamente andei a fazer ver que o teu texto fazia corresponder a uma ideia de uma realidade ideal qualquer repartição de finanças ou sala de espera de um hospital público. Da próxima vez escolhe melhor as passagens que transcreves, porque podes passar por uma daquelas tipas que transcreve frases, porque as acha bonitas, mas não as entende em toda a sua extensão, analisando-as criticamente.

cheila duarte disse...

Arranja mas é uma namorada e deixa-me sossegada!

Anónimo disse...

Ando-me a fazer a ti, tu é que não reparaste ainda.

cheila duarte disse...

Por acaso dei por isso mas optei por me fazer de desentendida pra não ter de te dizer, pela centésima vez, que não quero nada contigo!

Anónimo disse...

Parece-me que andas a divagar outra vez no teu mundo ideal, em que és uma mulher esbelta e desejada...

cheila duarte disse...

Eu compreendo-te Rui..afinal de contas, mais fácil do que cuspir no prato em que se come, é cuspir no prato que não se conseguiu comer.

Anónimo disse...

Diria que no caso, a frase sintética ideal seria "mais fácil que cuspir no prato em que se come, é cuspir no prato em que se já vomitou".